Eu me declaro culpado de não ter feito
Com estas mãos que me deram,
uma vassoura.
Por que não fiz uma vassoura?
Por que me deram mãos?
Para que me serviram
se só vi o rumor do cereal,
se só tive ouvidos para o vento
e não recolhi o fio
da vassoura,
verde ainda na terra
e não pus para secar os talos tenros
e não os pude unir num feixe áureo
e não juntei um caniço de madeira
à saia amarela
até dar uma vassoura aos caminhos?
Assim foi!
Não sei como me passou a vida sem aprender, sem ver,
sem recolher e unir
os elementos.
Nesta hora não nego
que tive tempo, tempo,
mas não tive mãos
e assim, como podia
aspirar com razão à grandeza
se nunca fui capaz de fazer uma vassoura
uma só, uma?
Pablo Neruda
Com estas mãos que me deram,
uma vassoura.
Por que não fiz uma vassoura?
Por que me deram mãos?
Para que me serviram
se só vi o rumor do cereal,
se só tive ouvidos para o vento
e não recolhi o fio
da vassoura,
verde ainda na terra
e não pus para secar os talos tenros
e não os pude unir num feixe áureo
e não juntei um caniço de madeira
à saia amarela
até dar uma vassoura aos caminhos?
Assim foi!
Não sei como me passou a vida sem aprender, sem ver,
sem recolher e unir
os elementos.
Nesta hora não nego
que tive tempo, tempo,
mas não tive mãos
e assim, como podia
aspirar com razão à grandeza
se nunca fui capaz de fazer uma vassoura
uma só, uma?
Pablo Neruda
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