sexta-feira, agosto 12

A meditação é o fundamento de todo o conhecimento da Antroposofia.

A meditação é o fundamento de todo o conhecimento da Antroposofia.
É uma prática no caminho espiritual contemporâneo e que tem relação com o auto conhecimento .

No passado, quando iniciou suas palestras, Rudolf Steiner falava das fontes de conhecimento que adquiria na meditação e, através dele, temos hoje construído um caminho moderno de desenvolvimento.
Em Delphi, quando subimos em direção ao templo de Apolo, vemos no muro a seguinte inscrição : “Ó ser humano, conhece-te a ti mesmo”.


Na verdade, em todos os templos de mistério existiam essas palavras.
O que realmente significam essas palavras ?
Que nos miremos no espelho ? Que nos encaminhemos a um psiquiatra ou psicólogo para traçar um perfil emocional ?
Os resultados e as respostas que então obteríamos, apesar de terem muita validade , seriam apenas do lado de fora, externo. Para o lado interno, da experiência interior, precisamos de um método, uma psicologia espiritual, uma investigação do ser humano baseado na Antroposofia (palavra derivada do grego anthropós, homem, e sophia, sabedoria) .

O estudo ,de forma similar, só consegue chegar até uma certa distância, e as palavras e o significado desta frase em especial requisitam mais de nós, falam de uma experiência direta da nossa própria natureza.
A resposta só poderá vir através de uma auto investigação pessoal , a meditação.
Para conhecer o mundo, há que se conhecer a si mesmo.
Nada pode ser obtido para nós que não possa ser obtido para os outros.
Auto conhecimento , auto desenvolvimento verdadeiro, é esvaziado de si mesmo, é sem egoísmo e dedicado aos outros.

A meditação tem princípios gerais que vão do exotérico ao esotérico.
Penso na vida meditativa como uma jornada do mundo sensorial para o mundo espiritual, e de volta ao mundo sensorial novamente, como o movimento de uma leminiscata (o símbolo do infinito).
Precisamos entrar numa trilha através da porta da humildade e da reverência ; nós tornamos esse trabalho sagrado através destes dois elementos, de ambos estados de alma que podem ser cultivados.

Steiner sugere que inicialmente pensemos em um céu estrelado, ou alguma outra imagem da natureza que nos inspire à reverência .
Assim que começamos a meditar, percebemos que nossa mente não está no nosso controle , pensamentos e sentimentos vão em todas as direções.
Precisamos cultivar a saúde da nossa alma, sermos capazes de segurar a nossa alma, desenvolver nossa capacidade de concentração e equilíbrio.
No livro “O conhecimento dos mundos superiores “ Steiner nos legou 6 exercícios chamados colaterais, cuja intenção é justamente providenciar uma higiene anímica.
É de dentro do equilíbrio e da paz que pode emergir um self mais elevado, um Eu superior. Quando a alma está pacificada, se dá o nascimento do Eu silencioso, ele se torna ativo. E a partir desse momento nos transferimos dos exercícios meditativos para o nível da eternidade que está descrita nos Evangelhos, no Bhagavad Guita, nos livros sagrados da humanidade.

Como trabalhar com tal conteúdo ? Com as palavras, frases, imagens ?
Temos que trazer o ritmo respiratório para o processo cognitivo, trazer o andamento da respiração para o andamento da cognição,do pensamento.
O tempo da respiração é o tempo das artes. Não é possível meditar rápido, ainda que se possa meditar em 5 minutos, mas devagar. E então todo um novo mundo de segredos se abre à nossa consciência.
Meditação é o movimento entre foco, concentração, seguido de uma abertura sem conteúdo, mas com receptividade para o mundo.

É necessário focalizar e depois, abrir mão desse foco, esforço para uma atenção focalizada e esforço para a criação de um espaço vazio, presença.
É um convite ao diálogo entre o ser humano e o Cosmos, entre o espírito humano e o espírito em torno de nós.
Ao dedicarmos nossa atenção à uma frase, palavra ou imagem, exercemos nossa liberdade ; alternamos entre estarmos atentos e depois abertos ao vazio, e de novo, voltar à atenção, ao foco, e novamente ao vazio.
Essa é uma imagem arquetípica do ato meditativo.
As experiências que ganhamos na meditação devem prestar um serviço ao mundo, e desse modo, ela não nos leva a nos perder, e sim, revela e traz valor ao mundo (p.ex. a pedagogia waldorf, a agricultura biodinâmica, etc)

Experiência espiritual trazendo frutos à Terra.
A meditação é um ato individual e absolutamente livre.
Se seguimos esse caminho, podemos chegar a um novo templo.
De fato, todos os templos antigos estão em ruínas, e no entanto, sempre que meditamos com humildade e reverência, entramos em um templo, entramos em um diálogo com os deuses do mesmo modo que os antigos faziam, e desse modo descobrimos nossa verdadeira humanidade e trazemos recursos terrestres e espirituais para a boa obra dessa vida.
Podemos ter esquecido nosso lar celeste, mas através da meditação nos reunimos à nossa pátria celestial e a verdadeira graça das alturas se une a nós.

Arthur Zajonc-

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