Deve-se dizer francamente que existem disciplinas que os estudantes frequentam na universidade praticamente o ano todo para fazer coisas bem diferentes do que ponderar e estudar a fundo o que os professores dizem nas aulas; assistem-se às aulas de vez em quando, porém o que se deseja realmente aprender assimila-se em poucas semanas, isto é, mete-se a matéria à força na cabeça [*]. Isso é muito prejudicial. Como, de certo modo, esse método de inculcar o conteúdo já começa no ensino fundamental, os males que daí derivam não são, em absoluto, inofensivos. O essencial desse método é que não existe uma ligação do interesse anímico, da essência mais íntima do ser humano, com aquilo que está sendo assim metido à força na cabeça. Até predomina nas escolas as seguinte opinião entre os alunos: “Quiçá eu possa esquecer logo tudo ao que aprendi!” Pois aquele desejo veemente de possuir o assimilado não existe. Podemos dizer que é muito fraco o vínculo de interesse que liga o cerne da alma humana com o que as pessoas guardam na cabeça.
Como consequência desses fatos resulta que, as pessoas são, de certo modo, adaptadas para tomar parte na vida pública por esse método lhes ter sido inculcado, ou seja, por que elas aprenderam justamente dessa maneira. Contudo, não estando ligadas internamente ao que praticam com a cabeça, sua alma fica completamente estranha. Porém, quase não existe nada mais prejudicial para a essência do ser humano do que estar animicamente, com o coração [**], distante daquilo que a cabeça é obrigada a fazer. [...] Quanto mais o ser humano é levado a fazer coisas que não lhe interessam, tanto mais debilita [sua vitalidade].
Rudolf Steiner
Ns. do R. [*]Por exemplo, estudar apenas antes das provas. [**] Ligando os sentimentos aos pensamentos.
Fonte: GA 143, palestra de 11/1/1912, “Nervosismo e autoeducação”, pp. 12-13. Revisão da redação (sem cotejo com o original): VWS.
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