segunda-feira, agosto 22

Educação com limites – Germe da liberdade

É preciso que saibamos distinguir entre ser autoritário e agir com autoridade. Muitas vezes as duas coisas se confundem numa só e muitos ainda pensam como nos anos 60 e 70, «que é preciso questionar a autoridade».

É preciso que saibamos agir com autoridade com nossos alunos e filhos. Entre os sete e os catorze anos a criança clama por autoridade para o bom desenvolvimento da sua alma e precisa de autoridade para poder situar-se no mundo com mais firmeza.


As ameaças são pedagogicamente problemas, porque implicam em relações de causa e efeito que com o tempo se desvanecem. A relação das crianças mais novas, com o curso do tempo, ainda não é clara e objetiva e a sua compreensão de relações de causa e efeito é praticamente nula. Mesmo com crianças mais velhas o sistema de ameaças converte-se numa escalada que termina com a «última arma», que pode ser, por exemplo, uma suspensão ou mesmo a expulsão.

Maçã? Não? Banana? Mamão? Você quer adoçar com mel? Ou açúcar? Branco ou mascavo? - Você quer vestir o quê?

Essa é uma cena certamente familiar para todos.

Quando pedimos a uma criança que faça uma escolha, muitas coisas acontecem. Primeiro pedimos a essa criança que utilize capacidades de julgamento que ela ainda não tem. Qual é a base sob a qual um menino de sete anos faz uma escolha? Invariavelmente na base da simpatia ou da antipatia. Do gosto ou não gosto. E de onde lhe chega esta simpatia ou antipatia? De sua psique em desenvolvimento, ou seja, de um aspecto de seu ser que não deveria ainda ser tão solicitado. A criança que sempre está escolhendo uma coisa e rejeitando outra, o faz usando um “capital de alma” que deveria ficar reservado para alguns anos mais tarde. Quando essa criança precisar do total dessas forças psíquicas (por volta dos quatorze ou quinze anos) não as vai encontrar íntegras.

O adulto que pede que uma criança escolha nesse momento abre mão da majestade e do poder que deveriam ser seus. A partir daí, a criança e adulto são iguais. Ao longo de muitos processos de escolha, a igualdade torna-se usual, e a mais doce criança torna-se, aos poucos, um pequeno tirano capaz de decidir em que restaurante a família come, que filmes vê, em que lojas a família compra. Situações como esta não são desconhecidas por nenhum de nós! Mas, mais importante do que isso é pensar que uma criança a quem é dada muitas oportunidades de escolha torna-se um adulto com dificuldades de tomar decisões. Escolher, por definição, implica na liberdade de optar dentro de um conjunto de coisas ou pessoas.

Decisão define-se como o ato de chegar a uma conclusão, ser firme e determinado no caráter e na ação. É bom estabelecer claramente esta distinção. O poder de decidir, constrói-se, diria eu, na capacidade de aceitar as decisões dos adultos na infância. E isto implica, é claro, em encontrar adultos que sejam, eles próprios, capazes de tomar decisões.

Escrito por Escola Waldorf "João Guimarães Rosa"
(Baseado o texto Authority and discipline in the life of the child, disponível na integra no site www.Millenialchild.com)

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