“O brinquedo pode ser tanto o amigo quanto o inimigo do desenvolvimento corporal e psíquico da criança. É o amigo das forças plasmadoras quando simples, primitivo e não muito sofisticado, oferecendo, portanto à criança toda a possibilidade de uma atividade própria, quando ela o completa ou modifica sua fantasia”.
Caroline von Heydebrand
Hoje muito se fala sobre a importância do brinquedo pedagógico na vida infantil, mas o que é realmente um brinquedo que educa a criança?
Este termo enganoso foi criado pela mídia e não consiste em valores educativos concretos.
Na verdade, precisamos ampliar a compreensão sobre este assunto, pois temos aos nossos olhos inúmeras indústrias de brinquedos que ignoram a natureza infantil, e que oferecem brinquedos desumanos às nossas crianças. Podemos citar os brinquedos mecanizados, eletrônicos, os antiestéticos, os ilusórios, dentre outros, etc.
Urgentemente, necessitamos “acordar” pais e educadores em relação a este tema, pois muitos deles desconhecem a real função de um bom brinquedo. Segundo Lanz (2000), “a escolha do bom brinquedo depende da idade da criança. Ele deve ser um incentivo, e não um produto acabado”.
A criança em idade pré-escolar sente necessidade de criar seu pequeno mundo de imitações, seus brinquedos deveriam ser tão simples que se prestassem à transformação imaginativa: alguns blocos de madeira que possam ser veículos, casas ou móveis; uma boneca de pano fofinha, com alguns traços de lápis de cor indicando o rosto; uma “loja” com mercadorias reais; uma casinha simples que possa ser mobiliada conforme a fantasia do instante; animais, veículos, trens e aviões a serem movidos pela própria criança, e não por automação – eis algumas sugestões.
Eles possibilitam evidentemente que a criança não seja prejudicada pelas sensações fortes da TV, pelas cores berrantes da publicidade, pelas caricaturas grotescas das histórias em quadrinhos. Você já pensou na quantidade de estímulos abusivos que são bombardeados sobre as crianças?
Reflita sobre isso antes de comprar um brinquedo para seu filho!
Entre os tipos de brinquedos recomendáveis estão os que exigem treino da habilidade manual, do equilíbrio e do domínio do corpo em geral. Categoricamente estas afirmações são verdadeiras, porém, pautadas no respeito profundo ao desenvolvimento infantil.
Vamos aprofundar o assunto e proteger nossas crianças de tais abusos.
Observemos o material dos brinquedos.
Na grande maioria das lojas, atualmente predominam os brinquedos de plástico. Quais são os seus aspectos pedagógicos? Onde estão seus reais benefícios? O plástico é um produto sintético, liso e frio e, portanto não estimula o desenvolvimento da fantasia infantil.
Para Heydebrand (1996), “a criança deve ter a oportunidade de desenvolver as forças plasmadoras que se emancipam do corpo e ora atuam na fantasia, senão estas se represam, refluem no organismo e a atormentam. Isso pode ser traduzido em malcriadez, mau humor e enfermidades e principalmente em perturbar as boas disposições para o futuro”.
Os brinquedos de materiais naturais (madeira, tecido, lã, feltro) são essencialmente terapêuticos, eles transmitem calor e confiança às crianças e devem fazer parte do seu cotidiano, devido a sua simplicidade e por permitir a elas o desenvolvimento sadio das forças criadoras da imaginação e fantasia.
O bom brinquedo deveria conduzir a criança a uma calma entrega a si mesma...
Penso que é oportuno questionar nos dias atuais sobre a qualidade dos brinquedos que nos são oferecidos, e assim compreendermos com clareza o que eles realmente transmitem as crianças.
Lembrem-se, os brinquedos que realmente podem ser chamados de pedagógicos, são aqueles que estimulam e fortalecem a fantasia infantil, possuem cores harmoniosas, mobilidade, estrutura simples e artística. Estes são elementos propulsores de uma educação genuína que realmente cumpre com sua tarefa verdadeira. Acordemos todos nós!
Que sejamos instrumentos eficazes no cultivo de brinquedos que amorosamente educam!
Que possamos alargar nossos horizontes enquanto pais e educadores frente a este assunto!
Que possamos nos unir em prol de uma infância plena e sadia!
Lílian de Almeida Pereira Bustamante Sá
Pedagoga e Psicopedagoga
Formação em Pedagogia Waldorf, Arte-Educação e Socioterapia
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