DICAS PARA PROMOVER A RESILIÊNCIA NAS CRIANÇAS
A resiliência é um conjunto de fatores internos nos quais a pessoa se sustenta para enfrentar e crescer diante das adversidades da vida. Uma pessoa que enfrenta uma situação muito difícil como a perda de alguém próximo ou uma experiência de violência e sai dessa experiência fortalecida é considerada uma pessoa resiliente. No entanto, atualmente a concepção de resiliência está sendo ampliada. Isso porque vivemos em mundo que nos submete a um contexto adverso a todo o momento, com um ritmo muito acelerado e com um número de tarefas cada vez maiores para serem cumpridas. Assim, para que seja possível nesse contexto, reconhecer e atender as suas próprias necessidades e prosseguir com o seu processo de crescimento sem sucumbir aos efeitos do estresse é importante que as pessoas possam localizar dentro de si as características que promovem a resiliência e possam ajudar seus filhos nesse processo.
As características das pessoas resilientes são promovidas por alguns cuidados que podem ser oferecidos desde os primeiros anos de vida da criança. No começo da vida, o cuidado que promove a resiliência é a relação de amor e confiança que os pais constroem com seus filhos. A criança confia em alguém quando ela recorre a essa pessoa nos momentos em que se sente triste, com raiva, ou com medo, por exemplo, e ao contar o que sente, essa pessoa é capaz de compreender a sua experiência e ajudá-la a se acalmar. Na medida em que essas experiências se repetem ao longo do tempo, a criança percebe que o mal estar que experimenta nessas ocasiões é passageiro e que ela pode agir (pedindo ajuda para viver seus sentimentos na companhia de alguém) para voltar a se sentir bem. Essas experiências além de evitarem que a criança fique isolada com seus sentimentos, também representam a base para o desenvolvimento de algumas características encontradas em pessoas resilientes, como: a autoestima (ela se sente amada, na medida em que percebe que os seus pais estão preocupados em ajudá-la), a estabilidade emocional (não fica tomada pelos seus sentimentos quando percebe que é capaz de assumir o controle e agir para voltar a se sentir bem) e a esperança (a criança percebe que o mal estar não dura para sempre!).
Além disso, outra característica das pessoas resilientes é a capacidade de refletir sobre as suas experiências, o que é fundamental para que se possa atribuir um sentido para o próprio sofrimento ou para que não se perca o contato com os próprios sentimentos e pensamentos nos momentos em que se tem um excesso de tarefas a serem cumpridas. A capacidade de reflexão também pode ser incentivada pelos pais durante a infância e a melhor maneira de fazer isso é por meio do diálogo. Nesse sentido, é muito positivo quando os pais criam o hábito de sentar ao lado dos seus filhos durante alguns minutos por dia, mesmo que seja para assistirem televisão juntos ou jogar um jogo e aproveitam esses momentos para perguntar não só o que a criança fez durante o dia, mas também como se sentiu e o que pensou durante os acontecimentos que ela escolheu compartilhar. Com o tempo, a criança adquire a habilidade de estabelecer esse dialogo consigo mesma e pode manter o contato com seus sentimentos e opiniões mesmo quando precisa enfrentar um ritmo mais acelerado de atividades.
A resiliência também se sustenta na possibilidade da pessoa reconhecer e confiar nas suas próprias habilidades e características. Por isso, ajudar a criança a se conhecer é um cuidado precioso que irá fortalecer o seu autoconhecimento, a sua autoestima e autoconfiança para que ela possa confiar que é capaz de enfrentar as situações difíceis que a vida lhe impõe. Para tanto, é importante que os pais se mantenham sensíveis em relação à criança para reconhecer o que ela faz que desperta a sua atenção. Quando isso acontece, é preciso que eles contem para a criança o que perceberam. Por exemplo, se ela beija e abraça os pais com espontaneidade e os pais contam para a criança o quanto ela é carinhosa. Ou se a criança começa a arrumar seus brinquedos depois de usá-los e os pais comentam como ela é organizada, com o tempo, a criança pode ir se apropriando e reconhecendo em si essas habilidades e características e recorrer a esses recursos sempre que precisar.
Se de um lado podemos cuidar para que as crianças fiquem menos vulneráveis a situações nos quais os riscos são previsíveis e não se envolvam em um excesso de atividades para tentar amenizar os efeitos do estresse. Por outro lado, não há como protegê-las completamente dos riscos e das inúmeras dificuldades que a vida apresenta a todas as pessoas. Os riscos e as dificuldades são inerentes à vida e o melhor que podemos fazer é educar as crianças para que sejam resilientes e possam fazer uso dessas situações para acumular sabedoria e experiência.
Fonte Carla Poppa
http://www.sab.org.br/
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