Brincar é crescer, desenvolver-se, tornar-se humano e adaptar-se ao mundo...
Quando a criança está brincando ela exerce a sua liberdade de ser.
Ao escolher uma brincadeira ou um brinquedo, esta escolha representa inconscientemente, uma adequação as suas necessidades evolutivas. Ao contrário do que muitos adultos pensam, a criança jamais brinca para passar o tempo, a sua escolha é motivada por processos internos muito significativos. Enquanto cria, ela equilibra suas energias, absorve a sua percepção do mundo, além de fortalecer a sua vida anímica.
De acordo com o psicólogo Vygotsky, (1896 - 1934) a criança brinca porque é uma necessidade do seu organismo, que ao nascer não está pronto. Até os sete anos de idade, tudo que ela procura é preparar-se organicamente para o mundo, portanto ela não consegue permanecer quieta, ela tem necessidade de pular, brincar, de se movimentar.
Nós adultos, reconhecemos o trabalho como nossa atividade mais importante, porém a atividade mais importante da criança é o brincar. Pular corda, brincar de esconde-esconde, cabra-cega, subir em árvores, brincar de casinha, de boneca, enfim, são vivências fundamentais para o desenvolvimento infantil, auxiliam na aprendizagem do domínio corporal, e trazem muita alegria às crianças.
Estas brincadeiras estão cada vez mais extintas de nossa cultura e têm sido substituídas pelo uso indiscriminado dos videogames, dos computadores e da televisão.
O que significam estes excessos de estímulos para a vida infantil? Será que estamos educando nossas crianças e, preparando-as para o futuro?
A fantasia e a imaginação da criança têm sido constantemente massacradas, e por esse motivo, elas não vivenciam adequadamente seus processos evolutivos. A grande maioria delas apresenta dificuldades de atenção e concentração nas escolas, adoecem sem causa aparente, e nós continuamos a conviver com estas questões, como se fossem naturais.
Outros fatores aberrantes acometem a ausência da fantasia nas crianças como a intelectualização precoce, os brinquedos prontos, a aceleração da vida cotidiana, etc.
Tudo esses fatores precisam ser analisados e questionados por nós, educadores, pais, pessoas comprometidas com a dignidade humana, pois do contrário que futuro teremos, se não revertemos esta situação?
Ao refletirmos sobre este assunto, podemos pensar que ao possibilitarmos um brincar livre e espontâneo a nossas crianças, uma vida imaginativa infantil mais rica, através de brincadeiras infantis, e de brinquedos simples, estaremos contribuindo para um desenvolvimento sadio das potencialidades humanas no futuro, e conseqüentemente o resgate da nossa própria humanidade.
“Eu queria mostrar a roda da vida, poder entrar no coração das crianças. Viver de alguma forma! Retornar aquele estado de espírito, aquele tempo no qual tudo era brincar, no qual não existia frio ou calor, no qual éramos amados, simplesmente amados. Quando eu era criança, falava como criança, brincava como tal. Mas, quando um dia me tornei homem, deixei de lado toda criancice, observei, ouvi e aprendi.” (Anônimo)
Lilian de Almeida Pereira
Pedagoga e Psicopedagoga
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