terça-feira, junho 25

Odontologia - Clínica Tobias





Ao observarmos o trabalho desenvolvido por Rudolf Steiner com a Pedagogia Waldorf, a partir de 1919, e das palestras para médicos proferidas desde 1920 que trouxeram a ampliação da medicina, vemos claramente orientações salutogenéticas em busca de uma integração do ser humano.
Ou seja, aspectos da embriogênese e da odontogênese são interligados trazendo a íntima relação existente entre órgãos aparentemente distantes e desconexos, mas que obedecem a processos suprasensíveis harmônicos.

A forma do dente guarda relações íntimas com a forma humana

Formação dentária

Segundo a Antroposofia, o corpo humano é produto da intervenção conjunta de quatro tipos de princípios arquetípicos de níveis diferentes e qualitativamente distintos, denominados corpos.
Embora o único corpo acessível à visão seja o corpo físico, os outros três podem ser entendidos pela ação que exercem neste. Por corpo físico entende-se tudo que é mensurável, dependente das forças físicas e químicas exteriores.
Os dentes são verdadeiras ferramentas destinadas a cortar, rasgar e moer os alimentos. Para que os dentes sejam tão duros é necessário que o organismo tenha disponíveis os minerais que fazem parte do esmalte, dentina e cemento, embora, em conjunto, não sejam capazes de erguer um dente.
O corpo etérico se manifesta em todos os processos que ocorrem com sincronia e ritmo no tempo, vivificando os tecidos. O etérico é sinal de organização temporal e vital. A atuação das forças vitais faz com que os tecidos cresçam, reproduzam-se, regenerem-se e cicatrizem. Nos tecidos mais vitalizados encontramos bastante líquido, uma vez que a desvitalização é acompanhada pela diminuição do teor de água. As gengivas são tecidos em que as forças etéricas estão presentes e são muito atuantes durante toda a vida. Já no dente, as forças etéricas estão atuantes até por volta dos sete anos de idade, quando podemos perceber que todo o esmalte, até os dos segundos molares permanentes, já está formado e a criança pronta para ser alfabetizada.
A atuação do corpo astral é sinônimo de organização espacial e de sensibilidade. A atuação do corpo astral é verificada nos animais e nos seres humanos pela formação espacial e relação com o espaço, movimento.
Já a sensibilidade é inversamente proporcional à vitalidade: quanto maior a sensibilidade maior a chance de adoecer. Segundo Rudolf Steiner “Sentimos com as mesmas forças que adoecemos”. Por exemplo, o sistema nervoso tem uma organização espacial perfeita, enquanto o fígado é assimétrico e bem menos estruturado.
Essa mesma polaridade pode ser observada na vitalidade da gengiva que é acompanhada de pequena sensibilidade. O dente, por sua vez, é muito sensível internamente e em sua periferia, possuindo uma camada de esmalte com arestas, vertentes e sulcos perfeitamente esculpidos e sem qualquer vitalidade: 96% substância inorgânica.
O Eu, de natureza espiritual, manifesta-se em todos os fenômenos onde há equilíbrio de opostos. Isto se traduz organicamente por formas de simetria complexas e por tendência à morte dos tecidos sob sua influência. A postura vertical humana é o equilíbrio entre todas as direções do espaço, entre as forças da gravidade e as da leveza. Nas arcadas dentárias, temos simetria bilateral e súpero-inferior. Nelas notamos ainda a atuação do Eu, no fato de todos os dentes se localizarem radialmente ao redor de um ponto central na boca e vemos a maior evidência de atuação no fato de todos os tipos de dentes – incisivos, caninos e molares – se desenvolverem de forma equilibrada, sem predominância de um ou de outro tipo.

Esquema mostrando as funções mecânicas de cada tipo de dente

Erupção dentária

Esse processo de surgimento dos dentes decíduos e depois sua substituição pelos dentes permanentes guarda íntima relação com algumas fases do desenvolvimento humano. O bebê nasce sem dentes e deve ser amamentado exclusivamente no peito nos primeiros meses de vida. Por volta dos seis meses de idade começam a surgir os incisivos centrais inferiores e quando estes estiverem totalmente erupcionados, o bebê ganha uma dimensão vertical bucal, que lhe permite engatinhar.
Por volta de um ano surgem os incisivos centrais superiores e quando erupcionam por completo e tocam os inferiores, há um novo ganho de dimensão vertical e agora ele já consegue ficar em pé. Colocados todos os 20 dentes decíduos na boca, perto de 24 e 30 meses, o bebê perde sua conformação arredondada e começa a esticar e correr com um movimento mais solto. Por volta dos seis anos, erupcionam os quatro primeiros molares permanentes, proporcionando mais uma estruturação da criança. A partir dos sete anos inicia-se a troca dos dentes decíduos pelos permanentes, quando ela finalmente está pronta para a alfabetização.
A troca dos dentes acontecerá até próximo dos 14 anos, restando o terceiro molar ou dente do siso para erupcionar perto dos 21 anos. Os dentes decíduos, mais arredondados, representam um período pré-natal, mais cósmico, enquanto que os dentes permanentes com suas esculturas mais trabalhadas são formados desde os primeiros dias de vida na terra.
Tanto a calcificação quanto a erupção do dente ocorre dos dentes anteriores para os posteriores, assim como a calcificação se apresenta da cora para a raiz e todo o desenvolvimento se dá no sentido céfalo-caudal. Nessa fase, a velocidade de todo desenvolvimento, orgânico e bucal, diminui e finalmente se conclui e se detém.

Esquema mostrando o paralelismo entre as ondas de desenvolvimento corporal e da arcada dentária

Flúor e Magnésio

Um exemplo de uma odontologia ampliada pela Antroposofia

No primeiro setênio, o flúor e o magnésio ajudam o Eu a apropriar-se de um novo corpo. Steiner apontou para a necessidade de equilíbrio desses elementos na formação do corpo humano, sendo que o primeiro participa de processos de endurecimento, consolidação, peso e condensação, enquanto que o segundo atua nos processos que carregam os imponderáveis, luz e calor, para dentro do mundo físico, subtraindo-os do peso e relacionando-os com o processo de dispersão.
De todas as substâncias que existem na Terra, é o flúor o que tem maior capacidade de combinação e é considerado como o meio de oxidação mais forte. O magnésio tem por missão, no plano da Terra, captar a luz do cosmos e incorporá-la dentro da vida. Se apenas predominasse o flúor seríamos duros, secos e quebradiços, enquanto que se sobressaísse o magnésio seríamos moles, aquosos e vitais.
Durante muitos anos a odontopediatria se pautou pela aplicação irrestrita de flúor: aplicações em consultório e escolas, laboratórios produzindo com uma grande quantidade de flúor os cremes dentais, sendo que em alguns casos ele é inclusive contra-indicado. Hoje, já se questiona o uso e muitos laboratórios vêm adotando cremes sem flúor.
No primeiro curso para médicos, Steiner disse “Os dentes são aparelhos para sugar o flúor no organismo. O ser humano tem, efetivamente, necessidade de pequenas quantidades de flúor em seu organismo ou irá conquistar uma inteligência que quase o anulará! Devido ao efeito da ação do flúor, a inteligência humana vai sendo limitada, propiciando a falta de senso ou de discernimento.”
Mais do que oferecermos os elementos em si, devemos trabalhar o organismo e as formas de absorção de tais substâncias. Um exemplo claro é a recomendação feita por Rudolf Steiner em fevereiro de 1923, a respeito de um medicamento que hoje conhecemos como Calciodoron, na época ele disse “Não há necessidade de considerá-lo como medicamento. É uma espécie de prescrição dietética. Para tal não há necessidade de prescrição médica…”. Devemos ampliar as possibilidades higiênicas e terapêuticas sempre pensando em fatores que promovam saúde e não se restrinjam apenas a prevenir doenças.
O primeiro grande impulso na direção da saúde é o aleitamento materno, que contribui para o desenvolvimento adequado das arcadas e musculatura envolvida, também favorece na definição de uma respiração nasal. Vale destacar que a limpeza da cavidade bucal é muito importante para remoção de placa, principalmente após as principais refeições e antes de dormir.
A alimentação, por sua vez, deve ser baseada em alimentos integrais, cereais e verduras frescas, evitar alimentos industrializados e que acumulem grande quantidade de resíduos. Da mesma forma é essencial evitar intelectualização precoce e excesso de estímulos sensoriais, principalmente no primeiro setênio, momento onde está se formando o esmalte de todos os dentes permanentes e também se estruturando todo o organismo.
A terapia com Calciodoron e Co-Calciodoron é indicada nas fases de crescimento, infância e adolescência, pois colabora na formação de ossos e dentes, ele neutraliza a irritabilidade e fortalece o metabolismo do cálcio. 

http://www.clinicatobias.com.br/areas-da-medicina-ampliadas-pela-antroposofia/odontologia/odontologia/

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