"Só sabemos com exatidão quando sabemos pouco;à medida que vamos adquirindo conhecimentos,instala-se a dúvida."
Goethe
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sábado, agosto 13
Quem é Cristiano Rosacruz?
Cristiano Rosacruz é um dos personagens mais enigmáticos da história intelectual europeia. Que mistério se esconde por detrás desse nome?
“Quem é Cristiano Rosacruz?” Quando levantamos essas questões nos dias de hoje, inevitavelmente teremos outras indagações a fazer: “Será que esse homem realmente existiu?” e “Quem são os rosacruzes?”.
As respostas a essas perguntas exigem que nos voltemos para nosso interior, em busca da verdade – não a verdade comum ou os fatos históricos – mas sim a verdade atemporal sobre a natureza e o objetivo da existência humana.
Os rosacruzes do Lectorium Rosicrucianum vêem em Cristiano Rosacruz um protótipo espiritual, seu “Pai e Irmão”, fundador da Ordem espiritual. Ao mesmo tempo, consideram que seu nome indica o campo de força que os alimenta. Nos textos clássicos da Rosacruz do século XVII, esse campo de força é chamado de “Casa Sancti Spiritus”. Essas fontes da história espiritual ocidental contêm referências capazes de tocar profundamente um buscador da verdade e talvez ajudá-lo a abrir a porta do conhecimento intuitivo. Esse é o assunto deste artigo.
Os textos da Rosacruz clássica
Todos os que descobrem os três textos originais da Rosacruz clássica se vêem diante de inúmeros e misteriosos símbolos e imagens.
Esses manuscritos foram publicados nos anos de 1614 a 1616 pelo teólogo alemão Johann Valentin Andrea, natural de Calw, Alemanha. Ele pertencia ao assim chamado “Círculo de Tubingen”, uma irmandade de homens espiritualmente inspirados. Os manuscritos nos falam de Cristiano Rosacruz e da Fraternidade da Rosacruz. Os três títulos são:
Fama Fraternitatis R.C.
(O Chamado da Fraternidade Rosacruz, 1614)
Confessio Fraternitatis R.C.
(O Testemunho da Fraternidade Rosacruz, 1615)
As núpcias (al)químicas de Cristiano Rosacruz
(Também “Casamento Alquímico”, ou “Bodas Alquímicas”, 1616)
Essas três obras foram novamente editadas e comentadas por Jan van Rijckenborgh em meados do século XX. Alguns textos e comentários originais podem ser encontrados neste site, na seção de Literatura.
As três descrições de Cristiano Rosacruz
Existem três descrições principais acerca de Cristiano Rosacruz, também chamado de “Irmão CRC”. A primeira é de Rudolf Steiner; a segunda pode ser encontrada na Confessio e na Fama; e a terceira está em As núpcias alquímicas de Christian Rosenkreuz. Todas elas utilizam a linguagem dos mistérios, na qual cada detalhe traz, veladamente, um significado espiritual. Nesses textos, nada é supérfluo ou casual.
Neles, Cristiano Rosacruz é descrito de muitos modos diferentes, porém, em todos eles sempre são destacadas sua grande modéstia e humildade. Ele é absolutamente sincero em sua dedicação e vontade de servir. Ele é percebido pelos leitores como alguém que segue seu caminho espiritual apesar de todas as dificuldades.
Ao mesmo tempo, ele aparece como a personificação luminosa do grande objetivo: a ressureição do homem imortal. Cristiano Rosacruz é a encarnação de uma realidade espiritual, o protótipo do homem que segue o caminho da iniciação cristã. É a respeito desse homem que lemos no Novo Testamento: “Assim também é a ressurreição dos mortos. O corpo é semeado corruptível, é ressuscitado incorruptível; é semeado em ignomínia, é ressuscitado em glória; é semeado em fraqueza, é ressuscitado em poder. Semeia-se corpo natural, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.“ (Primeira Epístola aos Coríntios, 15:42-44).
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Rudolf Steiner
É importante e de grande interesse realizar que tudo o que nós vivenciamos no decurso de uma vida — nossos sentimentos sobre o mundo, prazer, dor, etc. — isto tudo, no mundo espiritual nos rodeia como um mundo externo. Não precisamos nos sentir tristes já que lá nossos sofrimentos permanecem espalhados fora, diante de nós. Isto não é de forma alguma triste, porque lá, todos nossos sofrimentos existem da mesma maneira que tempestades existem no mundo físico e no mundo espiritual todas nossas experiências alegres aparecem para nós como maravilhosos fenômenos em nuvem. No Devachan nossas próprias experiências interiores não existem dentro de nós, como aqui na terra, mas estas vivem em nosso ambiente de forma externa, da mesma maneira em que uma imagem da natureza espalha-se diante de nós. Nossas experiências interiores vivem em torno de nós, como se fossem imagens, sons ou fenômenos atmosféricos; Eles têm se tornam objetivados, como formas dos céus.
Falei à vocês que não é triste, quando nossos sofrimentos vem servir a nós mesmos; tão pouco é triste o raio ou trovão na vida física. Aqueles que percebem essas conexões sabem o que eles devem a seus sofrimentos em particular. Só aqueles que passaram pela dor e sofrimento sempre dirão que aceitam com gratidão a alegria e prazer, mas que eles nunca desejariam fazê-lo sem a dor e o sofrimento. Nós devemos toda nossa sabedoria ao nosso sofrimento e dor durante as vidas passadas na terra. Um homem cuja fisionomia mantem a marca da sabedoria nesta vida, deve isto ao fato de que, em vidas anteriores, ele vivenciou a conexão do mundo, como sofrimento.
Fonte: Rudolf Steiner – GA 100 – Teosofia e Rosacrucianismo: Palestra V:Metamorfoses de nossas experiências terrestres no Mundo Espiritual – Kassel, 20th Junho 1907
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A antiga Fraternidade Rosacruz
Há mais de 400 anos, no século XVII, a Europa vivia em um clima de grande agitação, com guerras e rumores de guerras. O advento do calvinismo quebrou o equilíbrio mantido entre os credos predominantes, as religiões católica e luterana. Então, os representantes da Reforma, discípulos de Lutero e de Calvino, voltaram-se contra o poder monárquico, que era fortemente ligado à igreja de Roma e lutava com todo o seu poderio para conservar sua autoridade sobre a Igreja e o Estado. Lutas pelo poder e guerras se espalhavam por toda parte. Essa situação culminou na Guerra dos Trinta Anos (1618 – 1648), uma das guerras religiosas mais sangrentas que a Europa já conheceu. Os povos viviam em meio à miséria e violência, ansiando por dias melhores. Foi nesse contexto que surgiram os Manifestos da Fraternidade da Rosa-Cruz. Eles vieram ao encontro do anseio e da necessidade espiritual do povo, que buscava um novo ideal, uma reforma que propusesse uma revolução espiritual completa, que fosse muito além dos aspectos sociais e políticos.
Max Heindel escreveu o Conceito Rosacruz do Cosmos
A antiga Fraternidade Rosacruz consistia de seres altamente espiritualizados, puros e de incomensurável sabedoria. Eram alquimistas médicos e matemáticos, doze indivíduos, que foram orientados por um ser conhecido como “Cristão Rosa Cruz”. Esses seres trabalharam secretamente e formaram uma fraternidade conhecida como “Ordem Rosacruz”. Os conhecimentos de tal Ordem foram ministrados à apenas alguns sábios, sendo que nada foi revelado até o ano de 1614, data da publicação da Fama Fraternitatis, o primeiro manifesto Rosacruz. Essa sociedade secreta ainda existe e ainda trabalha pela elevação da humanidade . Somente aqueles que possuem um amplo desenvolvimento espiritual são admitidos como membros no círculo interno do movimento Rosacruz. Tais “médicos da alma” engajados no controle interno deste grande movimento, estão intimamente associados à evolução do mundo. Esses irmãos trabalham de forma secreta, incansável e abnegadamente pelo bem da humanidade.
Em 1908, Max Heindel que era de origem dinamarquesa, após ser testado em sinceridade de propósitos e desejo desinteressado em ajudar seus semelhantes, foi escolhido como o mensageiro dos Irmãos Maiores, para transmitir os ensinamentos Rosacruzes ao Ocidente, preparando a humanidade para a futura Era de Fraternidade Universal. Por meio de intensa auto-disciplina e devoção ao serviço ele conquistou o status de Irmão Leigo ( Iniciado ) na exaltada Ordem Rosacruz.
Sob a direção dos Irmãos Maiores da Rosa Cruz, gigantes espirituais da raça humana, Max Heindel escreveu o Conceito Rosacruz do Cosmos, um livro que marcou época se tornando uma referência marcante para todos os pesquisadores da tradição ocultista ocidental e aspirantes à espiritualidade. Por meio de seu próprio desenvolvimento ele foi capaz de verificar por si mesmo muitos aspectos dos ensinamentos recebidos dos Irmãos Maiores, sintetizados no Conceito Rosacruz do Cosmos, fornecendo um conhecimento adicional mais tarde corporificado em seus numerosos livros.
Uma das condições básicas na qual os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental foram dados à Max Heindel era que nenhum preço poderia ser estabelecido para eles. Tal condição foi fielmente observada por ele até o fim de sua vida terrestre e tem sido cuidadosamente cumprida pelos dirigentes da Fraternidade Rosacruz ( The Rosicrucian Fellowship). Ainda que os livros da Fraternidade sejam vendidos a preços acessíveis, que garantam a continuidade de suas publicações, os cursos por correspondência e os serviços devocionais e de cura são inteiramente gratuitos. A Fraternidade é mantida através de doações voluntárias de seus estudantes e simpatizantes, não havendo taxas ou mensalidades obrigatórias.
Passado um determinado tempo e estando ainda tais ensinamentos sob a sua responsabilidade, foi instruído a retornar à América e revelar ao público tais ensinamentos , até então secretos. Nessa época, a humanidade tinha alcançado o estágio mais avançado da religião cristã, quando os mistérios (que Cristo menciona em Mateus 13:11 e Lucas em 8:10) tinham que ser ministrados à muitos e não apenas para alguns.
Quando Max Heindel chegou à América, ele publicou esses elevados conhecimentos em seu livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos” que foi traduzido em diversas línguas e continua a ser editado em várias partes do mundo. Também estabeleceu a Fraternidade Rosacruz como uma Escola Preparatória para a verdadeira, eterna e invisível Ordem Rosacruz, a Escola de Mistérios do Mundo Ocidental.
É reconhecido que figuras eminentes da História humana pertenceram a Ordem Rosacruz. É o caso de Leonardo da Vinci, Paracelso, Francis Bacon, Isaac Newton, Rene Descartes, Robert Fludd, Giordano Bruno, Leibniz, Alessandro Cagliostro, Johann Wolfgang von Goethe, Victor Hugo, Rudolf Steiner, Herman Hesse e vários outros.
Cartas Rosacuzes é um texto antigo escrito pelos primeiros rosacruzes:
“Não pertencemos a seita alguma e não temos ambição a satisfazer, não desejamos popularidade nem nos desgosta o estado presente das coisas no mundo como aos que desejam governar para impor as suas opiniões. Não há pessoa nem partido algum que nos influencie, nem esperamos recompensa pelo nosso trabalho. Possuímos uma Luz, que nos permite conhecer os mistérios mais profundos da Natureza e alimenta-nos um Fogo, por meio do qual podemos atuar sobre todas as coisas que existem na Natureza. Possuímos a chave de todos os segredos e conhecemos o laço que une o nosso planeta com os outros mundos. A nossa ciência é uma Ciência Universal, porque abarca o universo inteiro e a sua história começa no primeiro dia da Criação. Possuímos os antigos livros de sabedoria. Tudo na Natureza se encontra sujeito à nossa vontade, porque a nossa vontade é Una com a do Espírito Universal, potência motora do universo inteiro e origem eterna de toda a vida. Não necessitamos de informação alguma dos homens nem de livros, porque podemos perceber tudo quanto existe e ler no livro da Natureza, isento de erros. Na nossa escola ensina-se tudo, porque a luz de todas as coisas dimana da omnisciência do nosso Mestre.”
FONTES: http://
Carma -Rudolf Steiner
“No que diz respeito ao carma, tudo de bom, inteligente e verdadeiro que tem sido feito por um homem está no lado positivo; maldades ou tolices estão no lado negativo. A cada momento ele é livre para fazer novas entradas no Livro Cármico da Vida. Nunca se deve imaginar que a vida está sob a influência de uma lei imutável do destino; a liberdade não é prejudicada pela lei do carma. Ao estudar a lei do carma, portanto, deve se ter o futuro em mente tão fortemente quanto o passado. Tendo em nós os efeitos de ações passadas, nós somos os escravos do passado, mas os mestres do futuro. Se quisermos ter um futuro favorável, temos de fazer tantas boas entradas possíveis no Livro da Vida.” - Rudolf Steiner
http:// www.antroposofy.com.br/…/ rudolf-steiner-sobre-a-lei… /
http://
Milho de Pipoca Por Rubem Alves
O milho da pipoca não é o que deve ser.
Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
Bênção Irlandesa
"Que jamais, em tempo algum,
o teu coração acalante ódio.
Que o canto da maturidade
jamais asfixie a tua criança interior.
Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho
sejam sempre encaradas como lições de vida.
Que a música seja tua companheira
de momentos secretos contigo mesmo.
Que os teus momentos de amor
contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.
Que os teus olhos sejam dois sóis
olhando a luz da vida em cada amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço,
onde tua alma dance na luz.
Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas
de tua passagem em cada coração.
Que em cada amigo o teu coração faça festa,
que celebre o canto da amizade profunda
que liga as almas afins.
Que em teus momentos de solidão e cansaço,
esteja sempre presente em teu coração
a lembrança de que tudo passa e se transforma,
quando a alma é grande e generosa.
Que o teu coração voe contente
nas asas da espiritualidade consciente,
para que tu percebas a ternura invisível,
tocando o centro do teu ser eterno.
Que um suave acalanto te acompanhe,
na terra ou no espaço,
e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.
Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!
Que os teus pensamentos e os teus amores,
o teu viver e a tua passagem pela vida,
sejam sempre abençoados
por aquele amor que ama sem nome.
Aquele amor que não se explica, só se sente.
Que esse amor seja o teu acalanto secreto,
viajando eternamente no centro do teu ser.
Que este amor transforme os teus dramas em luz,
a tua tristeza em celebração,
e os teus passos cansados
em alegres passos de dança renovadora.
Que jamais, em tempo algum,
tu esqueças da Presença Divina
que está em ti e em todos os seres.
Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz!"
Bênção Irlandesa
“Quando os filhos voam”, por Rubem Alves
Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. Eu mesmo sempre os empurrei para fora.Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas adoidadas.
Considerações sobre os Contos de Fada
Escrito por Lílian de Almeida P. B. Sá
A criança vive os contos de fada desde o momento em que começa a dizer eu até aproximadamente os sete anos, podendo contá-las, dependendo da história e de seu próprio desenvolvimento, até por volta dos nove anos.
A criança vive os contos de fada desde o momento em que começa a dizer eu até aproximadamente os sete anos, podendo contá-las, dependendo da história e de seu próprio desenvolvimento, até por volta dos nove anos.
Entre os impulsos que têm efeito plasmador...Rudolf Steiner
Entre os impulsos que têm efeito plasmador sobre os órgãos físicos encontramos, pois, a alegria provocada pelo ambiente e, dentro deste, os rostos alegres dos educadores, com um amor antes de tudo sincero, nunca forçado. Tal amor, que permeia calorosamente todo o ambiente, incuba, no verdadeiro sentido da palavra, as formas dos órgãos físicos.
Quando pode imitar tais exemplos sadios numa atmosfera de amor, a criança encontra-se em seu elemento adequado. Deve-se cuidar rigorosamente para que ao redor da criança nada ocorra que ela não deva imitar. Ninguém deveria praticar qualquer ação que ela fosse proibida de fazer.
Quando se vê uma criança rabiscar letras muito antes de lhes compreender o sentido, contata-se que ela procura, nessa idade, apenas imitar. Aliás, é bom que ela primeiro imite esses signos e somente mais tarde entenda seu sentido. [...] Todo aprendizado deveria ocorrer, nessa época [o autor refere-se ao período até a troca dos dentes, isto é, ao redor de 7 anos], especialmente pela imitação. É ouvindo que melhor a criança aprende a falar. Quaisquer regras e qualquer instrução artificial nada podem trazer de bom.
Rudolf Steiner
Fonte: GA 34 (A), p. 24.
Imagem https://br.pinterest.com/ pin/131097039124848688/
Quando pode imitar tais exemplos sadios numa atmosfera de amor, a criança encontra-se em seu elemento adequado. Deve-se cuidar rigorosamente para que ao redor da criança nada ocorra que ela não deva imitar. Ninguém deveria praticar qualquer ação que ela fosse proibida de fazer.
Quando se vê uma criança rabiscar letras muito antes de lhes compreender o sentido, contata-se que ela procura, nessa idade, apenas imitar. Aliás, é bom que ela primeiro imite esses signos e somente mais tarde entenda seu sentido. [...] Todo aprendizado deveria ocorrer, nessa época [o autor refere-se ao período até a troca dos dentes, isto é, ao redor de 7 anos], especialmente pela imitação. É ouvindo que melhor a criança aprende a falar. Quaisquer regras e qualquer instrução artificial nada podem trazer de bom.
Rudolf Steiner
Fonte: GA 34 (A), p. 24.
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Os quatro temperamentos
Rudolf Lanz,
Pedagogia Waldorf.
Embora cada ser humano leve o marco indelével do seu Eu, existem tipos humanos baseados na constelação dos seus componentes, e que não devem ser confundidos com as raças nem com os tipos humanos postos em evidência por Jung, Kretschmer e outros. Trata-se dos quatro “temperamentos”.
Quando notamos num indivíduo a predominância de um “temperamento”, a causa mais íntima é, via de regra, uma falta de harmonização entre as duas correntes que compõem sua personalidade total, isto é, a reencarnação e a hereditariedade.
Convém deixar bem claro que é raro encontrar um indivíduo que represente um determinado temperamento de forma pura.
Em geral, coexistem nas pessoas traços de dois ou mais temperamentos.
Quatro elementos
Na caracterização a seguir, procuramos descrever os tipos mais ou menos “puros”.
SANGÜÍNEO
Ar
A criança sangüínea pode também ser chamada de “aérea”. Seu corpo leve e ágil parece viver acima do chão. Nunca pára durante muito tempo, seus movimentos consistem em pulos; quando cai, não chora senão durante alguns segundos para logo voltar à alegria, que é seu estado predominante. Assim como não põe os pés firmemente sobre o chão, tampouco se fixa a uma ocupação. Da mesma forma, não se prende durante muito tempo a uma tarefa.
É geralmente inteligente, mas carece de perseverança e de concentração. Não gosta de comida pesada, e tem uma predileção por alimentos azedos e picantes Adormece facilmente e acorda rapidamente. De modo geral, sentimos nela um predomínio do elemento aéreo, isto é, dos processos da respiração e circulação. Em casos extremos, seu caráter tem uma tendência doentia para a superficialidade e para interesses fúteis. Não é pela força que o adulto consegue dominar esse temperamento. Ele tentará prender o interesse da criança sangüínea a uma ocupação ou a uma pessoa através de uma inclinação afetiva. Se ela for tomada de um verdadeiro amor, fixar-se-á mais demoradamente no objeto de sua afeição.
Convém lembrar que a infância em geral tem algo sangüíneo em comparação com as outras idades. É uma característica da criança não ligar-se com extrema seriedade àquilo que a circunda. A alegria e uma inconstância graciosa – lembrando um pequeno passarinho – são qualidades que, mantidas dentro de certos limites, sempre nos sensibilizam, provindas de qualquer criança.
MELANCÓLICO
O temperamento melancólico é, em todos os sentidos, oposto ao sanguíneo. Em vez da leveza e da alegria, temos o peso e a tristeza. A criança melancólica foge ao contato com o mundo ambiente. Ela cria dentro de si um mundo imaginário em que gosta de se isolar, embora esteja, no fundo, ávida e afeição e de compreensão. Seu próprio corpo parece ser um fardo.
Terra
Seus movimentos são lentos e desajeitados, contrastando com a agilidade da criança sangüínea. Por isso, a criança melancólica não é, em geral, facilmente aceita pelos colegas; isso reforça sua tendência à solidão e ao ensimesmamento. Não tendo contatos fáceis com o mundo real, ela cria dentro de si um mundo imaginário onde lhe cabe o lugar de honra e de destaque que não consegue ocupar na vida: a criança se transforma em herói, em princesa, em autor de infinitas proezas.
O ensimesmamento conduz a um egocentrismo exagerado. Como o corpo não é dominado pela criança, ele se transforma em algo pesado e hostil. A criança melancólica tem uma tendência para doenças, qualquer dor ou mal-estar a arrasa, e ela se compraz, de certa forma, no papel de um pequeno mártir. Sua sensibilidade, tanto física como psíquica, é extrema.
O melancólico come pouco e sofre, muitas vezes, de problemas de digestão. Em compensação, gosta de doces e de balas. Sua vontade é fraca, ele leva muito tempo para acordar, e adormece com dificuldade. Em geral, a criança melancólica tem horror ao frio, aos exercícios físicos, aos jogos violentos.
A amargura diante da vida reflete-se na denominação deste temperamento: melancolia significa a presença de “bílis preta”. A melancolia só pode ser superada por muito calor: seja pelo afeto e compreensão que vem de fora, seja por um calor da alma que nasce quando a criança tem a sua atenção desviada para outras pessoas que sofrem ainda mais do que ela própria. Daí o seu pendor para contos tristes e sentimentais. Em vez de exercícios esportivos violentos, convêm fazê-la participar de movimentos rítmicos e musicais; sua arte preferida, aliás, é a música.
Enquanto o temperamento sangüíneo está relacionado com o elemento “ar”, o melancólico tem grande afinidade com o peso da matéria sólida, isto é, com o elemento “terra”.
COLÉRICO
Fogo
Não é difícil nos convencermos da ligação entre o temperamento colérico e o “fogo”. A criança colérica é em geral pequena e atlética. Seus membros são curtos, a nuca forte e grossa, de modo que todo o corpo contém algo da força concentrada e retida de um touro. Mas esse período de concentração não dura muito. À primeira ocasião, o colérico "estoura" numa atitude de violência descontrolada fora de proporção com a causa do incidente.
Uma vez terminado o acesso de raiva, o colérico será o primeiro a lamentar seu comportamento, e tomará as melhores resoluções – até a próxima vez.
É nesses intervalos que o colérico é acessível; tentar retê-lo ou argumentar com ele durante a explosão é inútil e serve apenas para torná-lo ainda mais furioso. Mas, nos intervalos "normais", ele sofre da sua falta de autocontrole. Em geral, seu temperamento tem também muitos aspectos positivos: é uma criança responsável, perseverante, corajosa e aplicada. Nem sempre aprende com facilidade, mas sua energia é dirigida tanto a ela própria quanto ao mundo exterior. Todo o seu ser é dominado pela vontade, e ela joga toda a sua personalidade para realizá-la. O colérico é o líder nato; seus conceitos de moralidade são simples e, às vezes simplistas: o mal tem de ser contido com toda a energia.
O tratamento do temperamento colérico requer muita paciência e compreensão. Reagir com violência apenas faz a situação piorar.
A melhor maneira de canalizar o excesso de forças represadas consiste em impedir o represamento: exigir da criança colérica grandes esforços físicos, até o limite da sua capacidade. Convém até colocá-la em situações em que suas forças são insuficientes para levar a cabo uma tarefa, nesse caso, ela será tomada de um sentimento benfazejo de vergonha, ao constatar que não é o “tal”, vencedor de todos os obstáculos.
Como o colérico faz questão de ignorar qualquer acesso de sentimentalidade, outra abordagem deste temperamento difícil e complexo consiste em desenvolver nele sentimentos de carinho e amor. Se o colérico encontra ideais e objetos elevados para sua veneração, seu autocontrole será mais fácil. Nunca se deve tratar coléricos com ironia ou críticas mesquinhas, pois atrás das aparências duras e violentas, em geral se esconde uma alma delicada e sedenta de carinho.
FLEUMÁTICO
Na criança fleumática observamos uma nítida preponderância dos processos “viscerais”, isto é, do elemento “água”. O corpo gorducho, a sonolência quase crônica, a falta de interesse para com o que acontece ao seu redor, indicam que o fleumático está absorvido por seus processos metabólicos. Vive num sonho constante, do qual detesta ser tirado. Sua fantasia é medíocre, mas, em compensação, ele é muito ordeiro e perseverante.
Água
Aliás, seria errado considerar no temperamento fleumático apenas os lados negativos. A constância dos sentimentos conduz a uma bondade em relação aos colegas, e a uma fidelidade fora do comum. Atrás da impassividade da sua expressão esconde-se muitas vezes uma inteligência prática considerável, e a lentidão em captar impressões e conhecimentos novos é compensada pela perseverança, pela calma e pelo espírito metódico.
O fleumático também é um introvertido; mas ele não sofre disto, como o faz o melancólico; ele aprecia não ser incomodado. Grande parte da sua atenção se concentra na comida e na alimentação – primeira fase dos processos metabólicos que predominam seu temperamento. Nas atividades artísticas, aparece freqüentemente um senso estético bem desenvolvido; contudo, a força do fleumático estará menos na inspiração genial do que na execução esmerada e na regularidade de exercícios.
O tratamento do fleumático consiste principalmente em despertar-lhe a consciência e a atenção. Como tem tendência para dormir muito, devem-se reduzir as horas de sono. Em vez de sopas, pudins e doces que ele adora, convém aumentar o consumo de frutas, saladas e alimentos bem salgados. De modo geral, é preciso lutar contra a gordura e exigir movimentos físicos.
Em geral, o professor terá em sua classe um equilíbrio entre os quatro temperamentos. Sua arte consistirá em atingi-los todos de maneira igual. Se ele se dirige de preferência aos alunos de um determinado temperamento, os outros vão criar-lhe problemas sérios. Donde a necessidade de atuar sobre todos. Esta capacidade deve ser desenvolvida, pois o professor terá, graças à sua própria índole, uma instintiva propensão para um ou outro temperamento. Um dos meios recomendados por Rudolf Steiner consiste em agrupar os alunos na sala de aula conforme os temperamentos, sentando-os juntos. Desse modo os sangüíneos, por exemplo, ficariam mais calmos, cansando-se mutuamente com sua turbulência; e os fleumáticos, exasperados pela indolência dos seus respectivos vizinhos, ficariam mais "nervosos" dentro das suas possibilidades.
De qualquer forma, o conhecimento dos vários temperamentos ajuda o professor a compreender os alunos e seu comportamento.
Não digas nada!-Fernando Pessoa
A respeito do Mal, Rudolf Steiner conta a seguinte história:
"Era uma vez um homem que muito pensava a respeito das coisas do universo.
O que mais atormentava o seu espírito era quando procurava conhecer, saber, entender a origem do Mal.
Ele não conseguia encontrar resposta.
“O mundo provém de Deus” - dizia ele a si mesmo, “e Deus só pode trazer o Bem dentro de si. Como podem então surgir pessoas más a partir do Bem?”
E ele voltava a pensar, a pensar “Como então se originam pessoas más a partir desse grande Bem?”
Mas tudo em vão, a resposta não conseguia ser encontrada.
E num certo dia aconteceu que esse homem que tanto cismava, no seu caminho veio a encontrar uma árvore que estava dialogando com um machado.
Dizia o machado para a árvore:
“Uma coisa que para você é impossível fazer, para mim é fácil: eu posso derrubá-la, mas você não pode me derrubar”.
Respondeu a árvore ao machado presunçoso:
“Faz um ano, passou por aqui um homem e tirou do meu corpo, usando um outro machado, a madeira para fazer o seu cabo”.
E tendo o homem ouvido essa conversa nasceu em sua alma um pensamento que ele não conseguia colocar claramente em palavras, mas esse pensamento respondia integralmente a questão: Como pode descender maldade do Bem."
Imagem: http://
Carlos Drummond de Andrade
Desejo a você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel...
E muito carinho meu
Carlos Drummond de Andrade
Imagem Marjan Van Zeyl
Não digas onde acaba o dia....Cecília Meireles
Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa,completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar.
Imagem https://br.pinterest.com/ pin/354799276869230201/
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa,completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar.
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Cora Coralina
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador, e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste e o pão de tua casa.
E um dia bem distante a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio tranqüilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho, do gado e da tulha.
Fartura teremos e donos de sítio felizes seremos.
Cora Coralina
Imagem-http://aveluz.ning.com/ photo/mae-cosmica
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador, e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste e o pão de tua casa.
E um dia bem distante a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio tranqüilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho, do gado e da tulha.
Fartura teremos e donos de sítio felizes seremos.
Cora Coralina
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A Biodinâmica
Rudolf Steiner (1861-1925), fundador da Antroposofia, colocou, durante o Congresso de Pentecostes, em 1924, a pedra fundamental espiritual do Movimento Biodinâmico, em forma de um ciclo de 8 palestras para agricultores (*). Esse congresso teve lugar no castelo Koberwitz perto de Wroclaw/Breslau, que hoje abriga a prefeitura de Kobierzyce, Polônia.
O impulso da Agricultura Biodinâmica, sendo uno com a Antroposofia, tem como conseqüência natural da renovação do manejo agrícola, o sanar do meio ambiente e a produção de alimentos realmente condignos ao ser humano.
Esse impulso quer devolver à agricultura sua força original criadora e fomentadora cultural e social, força que ela perdeu no caminho da industrialização direcionada à monocultura e da criação em massa de animais fora do seu ambiente natural.
A Agricultura Biodinâmica quer ajudar aqueles que lidam no campo a vencer a unilateralidade materialista na concepção da natureza, para que eles possam, cada um por si mesmo, achar uma relação espiritual/ética com o solo, com as plantas e os animais e com os co irmãos humanos.
A Biodinâmica quer lembrar todos os seres humanos que "A agricultura é o fundamento de toda cultura, ela tem algo a ver com todos".
O ponto central da Agricultura Biodinâmica é o ser humano que conclui a criação a partir de suas intenções espirituais baseadas numa verdadeira cognição da natureza. Ele quer transformar sua fazenda ou sítio em um organismo em si, concluso e maximamente diversificado; um organismo do qual a partir de si mesmo for capaz de produzir uma renovação. O sítio natural deve ser elevado a uma espécie de individualidade agrícola"
O fundamento para tal é a integração de todos os elementos ambientais agrícolas, tais como culturas do campo e da horta, pastos, fruticulturas e outras culturas permanentes, florestas, sebes e capões arbustivos, mananciais hídricas e várzeas etc.. Caso o organismo agrícola ordene-se em torno desses elementos, nasce uma fertilidade permanente e atinge-se a saúde do solo, das plantas, dos animais e dos seres humanos.
A partida e a continuidade desse desenvolvimento ascendente da totalidade do organismo/empresa é assegurado pelo manejo biodinâmico dos tratos culturais agrícolas e do uso de preparados apresentados pela primeira vez por Rudolf Steiner durante o Congresso de Pentecostes. Trata-se de preparados que incrementam e dinamizam a capacidade intrínseca da planta a ser produtora de nutrientes, seja por mobilização química, transmutação ou transubstanciação do mineral morto ou por harmonização e adequação na reciclagem das sobras da biomassa produzida. Esses preparados apóiam a planta a ser transmissor, receptor e acumulador do intercâmbio da Terra com o Cosmo.
Adubar na biodinâmica significa, portanto, aviventar ou vivificar o solo e não simplesmente fornecer nutrientes para as plantas. A grande preocupação que devemos ter é o que fazer para que isso aconteça. Nesse caso é possível abster-se de muito do que hoje em dia parece ser imprescindível. Na Agricultura Biodinâmica não se usam adubos nitrogenados minerais, pesticidas sintéticos, herbicidas, hormônios de crescimento, etc. A concepção do melhoramento biodinâmico dos cultivares ou das raças está em irrestrita oposição à tecnologia transgênica. A ração para os animais é produzida no próprio sítio ou fazenda e a quantidade dos animais mantidos está em relação com a capacidade natural da área ocupada.
O agricultor biodinâmico está empenhado em fazer somente aquilo pelo qual ele mesmo pode responsabilizar-se, a saber, o que serve ao desenvolvimento duradouro da "individualidade agrícola". Isso inclui o cultivo e a seleção das suas próprias sementes, como também a adaptação e a seleção própria de raças de animais. Além disso, significa uma orientação renovada na pesquisa, consultoria e formação profissional.
O agricultor biodinâmico aprende, dentro do processo de trabalho, a ser ele mesmo um pesquisador, aprende a participar e transmitir sua experiência a outros e a estabelecer dentro do seu estabelecimento um local de formação profissionalizante para gerações vindouras.
Uma renovação desta natureza desperta o interesse das pessoas que vivem nas cidades. Elas ligam-se com esta ou aquela fazenda ou sítio, apóiam e ajudam como podem, tornando-se fieis fregueses. Elas colaboram na formação de mercados regionais tornando-se associados solidários mútuos. Há iniciativas novas de importância fundamental em toda parte para que a agricultura possa enfrentar com sua autonomia regional a globalização do mercado mundial. Agricultura não é somente profissão para ganhar dinheiro, mas é principalmente encargo de vida, é vocação.
Em mais de 50 países a Agricultura Biodinâmica é praticada ao serviço do cultivo do meio ambiente e alimentação saudável do ser humano. No mundo inteiro os produtos biodinâmicos são uniformemente comercializados sob a marca DEMÉTER. A marca DEMÉTER garante uma cultura agrícola baseada em medidas novas nos campos culturais/espirituais, políticos/legais, econômicos e ecológicos.
Para o desenvolvimento da agricultura e da cultura em geral no Brasil será de maior significação, achar personalidades suficientes que tenham a coragem e a força de iniciativa de se colocar ao serviço dessa renovação da agricultura.
(*) Steiner, R. Fundamentos da Agricultura Biodinâmica. 8 palestras dadas en Korberwitz, 7-16/6/1924, GA (Gesamtausgabe, catálogo geral) 327. Trad. Gerard Bannwart. São Paulo: Editora Antroposófica, 1993.
Bernardo Thomas Sixel
(Original de 2003; última revisão de V.W.Setzer em 13/3/10)
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A festa da Páscoa na visão da antroposofia
A Páscoa é uma festa repleta de imagens fortes e marcantes. No hemisfério sul, ela ocorre no outono, no primeiro domingo após a primeira lua cheia. A Páscoa é sempre comemorada no domingo, mostrando uma relação com o Sol, astro que rege esse dia da semana, mas também tem relação com a Lua cheia, lembrando que a lua não tem luz própria, apenas reflete a luz do sol.
Antigamente, porém, ela acontecia apenas no hemisfério norte, na época da primavera, quando as pessoas ainda tinham grande relação com as forças da natureza. Naquela época, sobreviver ao rigor do inverno era um grande desafio, e chegar à primavera era motivo de grande celebração. Era nesta época do ano que a vida recomeçava, as cores retornavam, tudo desabrochava. Era a vitória da vida sobre a morte.
A palavra Páscoa, vem do hebraico, PESSACH, que significa passagem. Quando Moisés desafiou o faraó e conduziu seu povo rumo à Terra Prometida libertando-os da escravidão. Neste fato histórico, mais uma vez ocorreu a vitória da vida sobre a morte.
Na tradição cristã, a Páscoa novamente ocupa uma importância fundamental. Após os quarenta dias da quaresma e depois de refletir sobre os acontecimentos vivenciados por Jesus Cristo durante a Semana Santa (domingo de ramos, condenação da figueira, encontro com adversários no templo, unção, santa ceia e lava pés, morte, descida ao reino dos mortos e ressurreição), os cristãos comemoram, no domingo de Páscoa, a glória da ressurreição de Cristo.
Com sua paixão, morte e ressurreição, Cristo deixou-nos o precioso legado de uma nova vida após a morte, e quando seu corpo e sangue penetraram nas profundezas da terra ela se torna um centro de luz, vivificada pelo Eu do Cristo. Diante desta consciência, podemos refletir sobre nossas atitudes perante esta Terra, nosso planeta, tão sagrado.
Outra imagem, que claramente mostra à idéia de vida, morte e ressurreição é a metamorfose da lagarta em borboleta, representando a morte do corpo, a transformação e o renascer. A imagem arquetípica da borboleta que, quando lagarta, fecha-se num escuro casulo deixando a luz e o calor transformarem sua existência em cor e leveza.
O coelho e os ovos também possuem um significado especial nas comemorações pascais. O ovo representa uma vida interior, ainda em estado germinal, que se desenvolve, rompe uma casca dura e em seguida desabrocha em sua plenitude, assim como Cristo ressuscitado saiu de sua tumba. O coelho, por sua vez, representa um animal puro, digno de carregar e trazer os ovos da Páscoa. Além disso, é um animal muito fértil, que se reproduz com facilidade.
Atualmente, porém, a Páscoa, assim como as outras festas anuais, não é encarada sob um ponto de vista espiritual. Na maioria das vezes, não vivenciamos a possibilidade de deixar morrer em nós o que não queremos mais, o que já não nos serve, e também não permitimos que o novo em nós possa florescer. Deveríamos ter claro dentro de nós a possibilidade da vida, morte e ressurreição de hábitos, atitudes e modos de pensar, para tornarmos pessoas melhores, menos endurecidos e insensíveis diante da realidade atual, com seus constantes altos e baixos. Se tivermos consciência da necessidade de cada um realizar este exercício interior, poderemos então resgatar o real sentido da Páscoa.
por Silberto Azevedo
Eliane Azevedo
Fontes:
Anna Maria Macrander Karassawa. A Páscoa no contexto Waldorf. Disponível em http://
Edna Andrade. Época da Páscoa – síntese. Disponível em http://
Helena Maria de Jesus. O significado da Páscoa. Disponível em http://
Rudolf Steiner. O Evangelho de São João. Editora Antroposófica, 2007.
Imagem: https://
A Páscoa no contexto Waldorf
Todos os anos, na época do outono, num jardim Waldorf, as crianças começam a se preparar para vivenciar intensamente a primeira das quatro festas anuais, a Páscoa.
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