Escrito por Rudolf Lanz extraído da revista Nós
Para muitos: um símbolo apenas. Em inúmeros, milhares de ícones, quadros e esculturas. Micael, o arcanjo com expressão séria e serena, combate o dragão. Com a espada ou lança, ele o mantém, impotente, aos seus pés. Esse dragão é o mal, é a natureza interior dentro e fora de nós. Há símbolos equivalentes em muitas religiões não-cristãs.
Para os antropósofos entre nós, Micael é ainda outra coisa: ele é um ser espiritual real, invisível aos olhos físicos, mas nem por isso menos real. E esse Micael tem, entre outras funções, uma tarefa cósmica bem concreta: ele deve ajudar o homem, sem interferir em sua liberdade, a reunir duas qualidades aparentemente opostas:
- A inteligência, o conhecimento científico do mundo, a consciência clara do Eu;
- O amor, o calor do altruísmo, a veneração do outro e do mundo, os impulsos sociais em seu mais amplo sentido.
Inteligência; a humanidade a possui quando sobra: o espírito analítico, a tecnologia, o domínio da natureza.
Em compensação, a humanidade perdeu o amor: a falta de interesse e compreensão ao próximo, o egoísmo, a idolatria de valores fúteis, a destruição de antigos impulsos sociais, também têm chegado a um limite do desastre. O próprio homem corre o risco de perder sua humanidade, ameaçado como está, de satisfação, de atitudes anti-sociais, de traumas psicológicos.
Nessas convicções, um novo ideal de amor e de respeito ao próximo deve ser realizado por todos, mas ele o poderá ser apenas por um árduo trabalho do homem em si mesmo, por constante esforço feito em liberdade, pelo desenvolvimento de novos valores, baseados não em teorias sócio-econômicas abstratas, mas nesse impulso que não quer dar o melhor de si - e que é chamado de Amor!
E Micael está presente, seriamente preocupado com o futuro do homem, mas disposto a ajudá-lo desde que o homem tome a primeira iniciativa.
As escolas Waldorf no mundo inteiro estão a serviço desse ideal. Elas nasceram de uma ciência do Espiritual, a Antroposofia, que pretende justamente despertar e cultivar no homem, além da ciência, da inteligência e da autoconsciência, o amor como fundamento de um maior respeito, de um interesse no outro e de uma ajuda social ativa; numa palavra: daquele ideal micaélico. Todas as instituições antroposóficas a medicina, da agricultura à higiene social da arte, aos cuidados dispensados a crianças excepcionais, nasceram desse respeito ao ser humano, dessa compreensão, dessa atitude carinhosa.
Mas a pedagogia Waldorf quer algo mais: ela pretende transmitir a seus alunos justamente essas duas coisas: conhecimento e amor - preparando as crianças e os adolescentes, independentemente de qualquer credo religioso, para assumir essa dupla tarefa. Quando estiverem, mais tarde, na vida prática, nossos alunos deverão estar prontos, e dispostos, para realizar, por sua vez, o grande impulso micaélico do qual as escolas Waldorf querem ser as mensageiras e as edificadoras. Os alunos - esta é a nossa esperança - deverão tornar-se adultos em prol do nosso mundo, dos seus próximos, do organismo social!
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