quarta-feira, agosto 24

Sophía

Desde o passado remoto, Sophía é a deusa que deslinda os segredos do antropos. Para os antigos, o "pensamento" era atributo da deusa, que doava aos ser humano essa capacidade enquanto em vida. Ao morrer, tinha que devolver o pensar a Ela. Assim falava Heráclito de Éfesus. Portanto era um pensar que vinha de fora. A esse respeito, Aristóteles e Platão dizem que o "Espírito é exterior e enraizado na alma; ele vem de fora".
Esse pensar espiritual se diferencia do pensar trivial, técnico, technái(Platão), centrado na alma, que se denomina de Ego.
Portanto temos o pensar anímico centrado na cabeça e o pensar espiritual centrado no coração (na diástólica, no silêncio cardíaco). Por isso existem duas denominações pensamentais: eu penso e eu idéio. O primeiro é egóico e o segundo é espiritual.

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Esse Ser Sophía inspira a Humanidade desde primevos tempos. Na antiga Índia, era Lakshmi, esposa de Uno, que gerava a vida. Na antiga Pérsia era Spenda Aramati, deusa padroeira da Terra, que gerava a vida física. No antigo Egito era Ísis, esposa de Osíris e mãe de Hórus, o pequeno Deus encarnado. Em muitos hierógrifos era representada como degraus, encimada pelo grande olho que tudo vê (Osíris). Ou seja, é preciso despender um esforço para galgar os degraus do conhecimento (ou da sabedoria, através da Sophía) para chegar à Osíris (o Cristo). Na Cristandade é Maria de Lucas, que gera o corpo virginal de Jesus lucano. Por isso no original grego está assim escrito: "Kái Iesous proekopten én Sophía, kái Helikia, kái Kháritis, pará Théo kái Anthropo is" (assim traduzido para o latim = "Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens", Lc 2,52). Sophía, como se está vendo, representa mais do que sabedoria; Helikia traduz vitalidade, etérico e Khátitis significa beleza física. Portanto Jesus foi permeado pela Sophia, com as duas qualidades enumeradas (etérico e físico) especiais. Na antiga Europa conhece-se Erda, a deusa da sabedoria terrena, fantasmagóricamente representada no 3º ato da ópera Siegfried, de Wagner: [o caminhante clama: "Wala,... desperte Wala,... acorde Erda..." e, ascendendo de um alçapão no centro do palco, uma mulher com vestes brancas e rosto coberto por um véu branco, lá está a voz da sabedoria terrenal]. Enfim, é a mesma entidade que recebe nomes distintos conforme cada época civilizatória; mas traduz também que esse ser estava se aproximando da Terra, desde Lakshmi, Spenda Aramati, Ísis, Sophía, até se encarnar como Maria lucana, através da qual geraria um corpo virginal, para ser habitado no batismo, pelo Deus-Filho, o Cristo, aos 30 anos.

___Por isso a deusa Sophia é conhecida no meio antroposófico como Isis-Sophía-Maria, o ser da 2ª Hierarquia, um Kyryotete, que no passado inspirava os homens e hoje se doou para o pensar humano. Este se desdobra em pensar exteriorizado mundano (anímico) e no idear interiorizado (espiritual). Por enquanto este sonha, dormita,..., mas precisa ser despertado pelo caminhante: "desperta Erda, desperta pensar espiritual". Este é o objetivo deste Ramo Sophía: contribuir para despertar o "pensar espiritual" aos que aqui acorrem.

http://www.vivendasantanna.com.br/sophia.html

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